22 de abril de 2013

"O Mundo de Arton" e a minha frustração


Quem acompanha o Acarajé & Dragons sabe o quanto eu sou fã do cenário Tormenta. Acompanho o cenário desde a época da Dragão Brasil, joguei Tormenta 3D&T, Tormenta d20 e Tormenta RPG. Mestrei Tormenta usando o Old Dragon (que eu curto muito), Este Corpo Mortal, Cosa Nostra e tantos outros. Quando eu ouvi a notícia que a Jambô lançaria uma caixa de Tormenta, com o título "O Mundo de Arton", eu liguei meu lado fã ao máximo e minhas expectativas foram lá pra cima. Quebrei a cara.
Minha decepção com a caixa se deve ao conteúdo dela. Quando eu penso numa caixa de RPG eu penso em quantidade de material/conteúdo e, nesse quesito, "O Mundo de Arton" falha miseravelmente, na minha opinião. 

O conteúdo da caixa é: dois livretos, que juntos mal passam de 100 páginas, um mapa e 3 cartelas com brasões e símbolos sagrados dos deuses maiores. "Tudo" isso por R$ 79,90. Sério Jambô? Eu sei (e entendo) que fazer um RPG no Brasil não é barato, mas 80 dinheiros em uma caixa com pouquíssimo conteúdo (e livros com miolo preto e branco, como já é de se esperar na linha TRPG) é uma falha crítica da editora. Pode até não ser uma falha crítica em volume de vendas e lucro, afinal Tormenta tem um público forte e que demonstrou essa força no projeto "O Desafio dos Deuses", mas é uma falha crítica quando comparamos a outras caixas, como às da Redbox (que também produz RPG no Brasil) ou ao meu Monster Vault (que é uma caixa de $19 que tem material que eu posso usar em QUALQUER RPG de fantasia medieval que eu jogar).

Como se o conteúdo físico da caixa já não fosse decepcionante o bastante, o conteúdo do material dos livros também me desapontou. Um dos motivos que me fez abandonar o d20 (D&D 3.X, Pathfinder, TRPG e afins) é a obrigatoriedade de que cada novo livro tem que apresentar novas opções para jogadores (talentos, magias e etc.). "O Mundo de Arton" desperdiça, ao meu ver, as poucas páginas páginas que possui trazendo as fichas de todos os sumo-sacerdotes dos deuses maiores do Panteão (as fichas poderiam vir no Manual do Divino, ou seja lá qual for o nome que esse suplemento terá).

Muita gente critica a 4ª edição do D&D (eu mesmo reconheço diversos problemas desse sistema), mas uma coisa que me agrada nessa edição é que existem livros que são para jogadores e livros que são para mestres. Os livros para mestres, como o "Open Grave: Secrets of the Undeads", são uma delícia de ler e dão para o mestre ideias para MUITAS aventuras. Ler a maioria dos livros da linha Tormenta RPG não me dá esse feeling, vejo apenas um amontoado de classes de prestígio, talentos, magias. Achei que "O Mundo de Arton" poderia (e deveria!) ser diferente. Poderia ser um livro gostoso de ler, que te jogasse em Arton e te fizesse pensar em muitas aventuras. Mas não é. Se você quer um livro sobre Arton gostoso de ler e que te dá ideias para 1d20+10 aventuras vá atrás do "Reinado". Eu tenho o Reinado 3D&T e ele é sensacional e o melhor de tudo: não tem NENHUMA mecânica, ou seja, você pode usá-lo para qualquer sistema.

A ÚNICA coisa que me agradou nessa caixa foi o mapa, que ficou muito bonito e detalhado. Mas R$ 79,90 por um mapa não vale à pena. Minha opinião. 

OBS: A caixa "O Mundo de Arton" não ME agradou pelos motivos que listei acima. Eu esperava algo dela e essa expectativa pode ser responsável pelo meu julgamento (embora a questão do preço não seja, continuo achando que o conteúdo físico dela não vale o preço). Se você discorda de tudo o que eu falei aqui, sinta-se à vontade para comentar, se concorda idem. Se você está em dúvida se quer ou não comprar a caixa busque uma terceira opinião e tire sua própria conclusão.