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Quanto mais defeitos, mais interessante fica o personagem |
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Não importa a ficha, o cara sempre interpreta, e age como, o mesmo personagem |
Quem nunca viu um jogador que escolhe jogar de paladino mas resolve ser leal e bondoso apenas quando lhe convêm? Porque será que isso acontece? Será que o jogador vem pra mesa de RPG querendo ganhar no jogo? Acho que sim. Acho que RPG como Dungeons and Dragons, e seus muitos derivados, até certo ponto estimulam isso, ainda que de maneira inconsciente.
Uma das coisas que mais gosto, quando crio um personagem é criar defeitos para eles. Meu atual anão paladino é preconceituoso com outras raças e isto, entre outras coisas, lhe custou o poder divino. Hoje sou um paladino caído, mas porque escolhi ser e procuro redenção. Acho que isso dá uma boa história e dá muito pano pra manga. E eu tento agir no mundo de campanha em que jogo, Arton, como o meu personagem e não como eu mesmo.
Recentemente eu cheguei em um impasse. Meu paladino, ainda que sem poderes divinos, se comporta como um verdadeiro paladino e não aceita criminosos em sua companhia. Mas ele descobriu que um dos personagens do grupo tinha uma relação estreita com uma poderosa organização criminosa do mundo.
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Na teoria deveria ser assim. |
Como um paladino da justiça era minha obrigação levar o personagem preso para ser julgado pelos seus crimes, cheguei até mesmo a falar que caso entregasse a organização isso seria muito relevante no julgamento e poderia influenciar positivamente para ele. Como jogador eu sabia que isso era uma situação chata na mesa, principalmente porque o outro jogador é extremamente apegado aos personagens que criava e é conhecido pelo meta-game que faz. E então, o que eu deveria fazer?
Optei por seguir o meu personagem, interpretar um paladino da justiça (nível 20 e em penitência para recuperar os poderes divinos) e levar o outro personagem para se apresentar a um tribunal. O outro jogador levou para o pessoal e isso causou muitas discussões e um problema muito chato na mesa, pois ele tentava usar de meta-game para evitar a situação e ficou muito chateado com a situação.
A situação se desenrolou com a morte de todo o grupo e o fim de uma campanha que é jogada desde o lançamento do Tormenta RPG (2010 se não me engano). O mestre, incrédulo do que estava acontecendo fez um malabarismo e "salvou" a campanha, mas o clima da mesa estava comprometido.
Mas aí eu pergunto a vocês: não estávamos jogando role playing game? Não deveríamos interpretar personagens e saber diferenciar o jogo do real? É lógico que a história continuaria, talvez ainda mais interessante do que estava. Mas não, tudo se resolveu da pior maneira possível. Eu fiquei com um pé atrás com essa situação, pois durante todo o desenrolar da confusão vi uma sucessão de meta-game, com jogadores usando seu conhecimento pessoal no lugar do conhecimento dos personagens e coisas do tipo.
A situação se desenrolou com a morte de todo o grupo e o fim de uma campanha que é jogada desde o lançamento do Tormenta RPG (2010 se não me engano). O mestre, incrédulo do que estava acontecendo fez um malabarismo e "salvou" a campanha, mas o clima da mesa estava comprometido.
Mas aí eu pergunto a vocês: não estávamos jogando role playing game? Não deveríamos interpretar personagens e saber diferenciar o jogo do real? É lógico que a história continuaria, talvez ainda mais interessante do que estava. Mas não, tudo se resolveu da pior maneira possível. Eu fiquei com um pé atrás com essa situação, pois durante todo o desenrolar da confusão vi uma sucessão de meta-game, com jogadores usando seu conhecimento pessoal no lugar do conhecimento dos personagens e coisas do tipo.
Isso é apenas um desabafo, mas a questão se desenrola em diversas outras questões. Eu jogo RPG porque acho massa interpretar um personagem, muitas vezes bem diferente de mim mesmo. Acho a ideia de criar um personagem, rico em histórico e maneirismos muito interessante e isso é uma das coisas que mais gosto. Será que RPG não é isso e eu estou jogando errado a anos?
Será que um problema como esse aconteceria em um RPG narrativista? Será que o problema é do sistema? Ou dos jogadores? Ou meu, afinal pra que interpretar um personagem? O que vocês acham? Já tiveram um problema similar em suas mesas? Como lidam com essa questão? Comentem a baixo.
Será que um problema como esse aconteceria em um RPG narrativista? Será que o problema é do sistema? Ou dos jogadores? Ou meu, afinal pra que interpretar um personagem? O que vocês acham? Já tiveram um problema similar em suas mesas? Como lidam com essa questão? Comentem a baixo.
Rodrigo Quaresma · 633 weeks ago
Eu realmente não acho que o que tu fez foi errado mas talvez teu grupo não tenha lidado com isso da melhor maneira.
danfigueroa 50p · 633 weeks ago
fernandodelangeles 26p · 633 weeks ago
Eriberto · 633 weeks ago
Wizard · 633 weeks ago
Tenho em comum com você a necessidade de criar e representar personagens complexos. Minha diversão no RPG vem primeiramente da interpretação e da interação com outros personagens. O problema com isso é que você pode acabar projetando psicologicamente para os outros essa característica (cair na armadilha que o outro acha o mesmo que você, e não vai fazer meta-game, etc...).
Para mim, o que aconteceu não foi culpa sua ou do outro jogador. E sim de ambos! Veja bem, o objetivo principal do RPG é se divertir. Eu como jogador ou mestre tento assegurar isso na mesa. Um mestre tem mais poder para isso, mas um jogador também tem muito. Entendo a situação do seu personagem, um Paladino que queria buscar a redenção e descobrindo o que descobriu, teria agido da forma que agiu. Passei por uma situação parecida mestrando, mas apesar de algum atrito, tudo correu bem porque os jogadores sabem que eu não busco matá-los, e sim criar uma história interessante (isso é uma forma de meta-game, mas nem sempre o meta-game é ruim).
O que eu acho que você poderia ter feito é ter arranjado um motivo para seu personagem conviver com esse criminoso. Daí surgiriam outras oportunidades de Role-Playing. Por exemplo, poderia achar que o criminoso estava buscando se redimir, assim como ele, criando uma ponte entre os personagens. Ou você poderia ter usado o próprio meta-game, e falado para ele off-game que seu personagem poderia agir de tal forma ou outra (parece que você tentou isso, pelo que colocou no seu artigo, mas sem detalhes é dificil de saber).
No RPG, o tipo de interpretação ideal é "especial". Cada jogador deve ter idéia que interpretar os defeitos de seu personagem causando problemas para o grupo não é saudável para o contrato social do grupo, de uma forma geral. Existem grupos que aceitam esse tipo de interpretação "hardcore", mas são raros. Nós não devemos nos fiar em outras mídias e representar os nossos personagens até as últimas consequências, especialmente se as consequências forem atrapalhar a diversão dos outros jogadores de forma clara. A sua resposta ao primeiro comentário, onde disse que explicava que o seu personagem obrigava a agir de tal forma é uma indicação clara do que gerou o problema em primeiro lugar.
Dito isso, o seu amigo com o personagem criminoso deveria ter colaborado, aceitando suas sugestões, ou já que pelo seu relato usava muito meta-game, poderia até ter colocado o mestre na conversa. Se eu estou mestrando esse jogo certamente iria assegurar ao jogador que a coisa seria resolvida de forma interessante. O restante do grupo (não sei o tamanho), também poderia ter colaborado para uma resolução mais produtiva.
Essas são apenas minhas opniões e idéias sobre o RPG e esse problema, que já vi acontecer inúmeras vezes. Inclusive gerando estresse imenso dentro do grupo que mestrava, que só não se separava acho que só porque queriam muito jogar mesmo. Quero finalizar deixando claro que minha intenção não foi causar polêmica, mas sim responder de forma sincera à sua pergunta.
Aliás, parabéns pelo blog e bons jogos!
César/Kimble · 633 weeks ago
Mais ainda do que se manter interpretando teu personagem, é sempre preciso pensar no que é o melhor pro jogo. Isso vai causar um atrito? Vai deixar pessoas insatisfeitas e gerar problemas pra continuidade da campanha? Então talvez seja melhor parar e pensar direito nisso. Encontrar outra forma de seguir.
Se não existe risco de atrito, se o outro jogador entende o que você está fazendo e isso não vai gerar problemas, então continue.
Esse trabalho conjunto é que às vezes é esquecido quando todo mundo está jogando só pensando no seu personagem. Metagame sozinho não é bom ou ruim, como ele é aplicado no jogo é que define isso.
Se você percebeu que isso ia estragar o jogo, deveria ter parado um momento para conversar com o outro jogador e o Mestre: o que podemos fazer aqui? Como podemos continuar de forma que a campanha não seja prejudicada?
Infelizmente esse tipo de conversa aberta é algo que eu raramente vejo acontecer, porque as pessoas acham que todo mundo tem que se manter cuidando só do que é "seu". Os jogadores só precisam se preocupar com seus próprios personagens, o Mestre que dê um jeito e cuide pra campanha não se perder. Quando a atitude deveria ser "todos nós somos responsáveis pela diversão do jogo".
Da próxima vez senta e conversa. Eu tive uma situação parecida na minha última sessão de Marvel, mas estava mestrando. Um jogador é um espião infiltrado no grupo e outro personagem-jogador está desconfiando dele. Quando percebi que os jogadores estavam prestes a entrar em combate, eu perguntei pra eles: "Que tal terminarmos a cena aqui? Se a gente parar aqui, fica uma daquelas situações onde existe um agente infiltrado no grupo e outra pessoa desconfia dele. Isso vira um plot que pode ser desenvolvido. Se a gente continuar, isso aqui vai virar um combate."
Fui direto, aberto e coloquei as possibilidades na mesa. Os jogadores escolheram parar ali a cena e continuar a situação de desconfiança e intriga. O que foi ótimo pro jogo.
Acredito que foi essa conversa franca entre os participantes que faltou no teu jogo.
Abraço e tomara que a campanha continue.
Edu Guimarães · 633 weeks ago
O César deu um bom exemplo de como resolver uma possível situação chata, é bom trocarmos experiências de jogo para aprendermos mais uns com os outros. Continuemos assim.
dmitrigadelha 13p · 633 weeks ago
Pedro Henrique · 633 weeks ago
Mais do que falar off você devia falar em on, ou, talvez, tentar montar uma armadilha contra a organização. Esse seria um método muito mais Hollywoodano (e incoerente, talvez), porem muito divertido. E, imagine só, depois de derrotar a organização o ladino se entrega e conta tudo que sabe, acaba que sai como um herói delator de vilões cruéis xD
ótimo post, abraço, cara
Gustavo Reis · 628 weeks ago